Nos últimos dez anos, a tradicional rede de churrascarias Fogo de Chão passou por uma transformação intensa e estratégica. Fundada em Porto Alegre há 46 anos, a marca — que se consolidou como sinônimo de churrasco brasileiro no exterior — pode em breve retornar à bolsa de valores de Nova York, impulsionada por uma ambiciosa expansão global e por uma revisão profunda de seu modelo de negócios.
Desde 2015, a Fogo de Chão esteve sob o controle de diferentes fundos de private equity. A empresa abriu capital na Nasdaq naquele ano, mas foi retirada do mercado três anos depois pelo fundo Rhône Capital. Em 2023, a Bain Capital assumiu o controle da rede, num negócio avaliado em US$ 1,1 bilhão. Agora, avalia-se a possibilidade de um novo IPO — uma estratégia sustentada pelos sólidos resultados da companhia desde a pandemia.
Crescimento acelerado e foco em novos mercados
Segundo informações divulgadas pela AGFEED, a Fogo de Chão tem registrado uma taxa média de crescimento anual de 15%. De 2023 para cá, foram inauguradas 28 unidades ao redor do mundo, e até o final de 2025, a previsão é abrir entre 30 e 35 novos restaurantes — tanto próprios quanto franqueados — com investimentos que variam de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões por unidade.
Atualmente, a empresa opera 104 unidades, sendo 72 nos Estados Unidos, onde a primeira foi aberta em 1997, no Texas. Até o fim de 2025, outras 15 devem ser inauguradas em solo americano. No Brasil, o crescimento é mais comedido: a empresa possui nove unidades, a mais recente em Alphaville (SP), e novos planos incluem o Rio de Janeiro e Brasília.
Já no mercado internacional, o foco está em países inéditos para a marca, como Filipinas, Turquia, Honduras, El Salvador, Costa Rica, Peru e Chile — além da presença já consolidada em lugares como Bolívia, México, Equador, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
Novo posicionamento: mais do que rodízio
Mais do que uma expansão geográfica, a Fogo de Chão está redefinindo o conceito de “churrascaria brasileira”. A estratégia atual se distancia do foco exclusivo no tradicional rodízio e passa a incluir experiências variadas no restaurante. Entre as novidades do cardápio estão opções à la carte, como hambúrgueres e cortes especiais (como wagyu e tomahawk), além de menus para quem deseja apenas drinques e petiscos.
Esse movimento acompanha tendências de comportamento do consumidor que buscam mais flexibilidade e conveniência. A empresa também passou a investir em catering para eventos e opera por meio de delivery, com participação no iFood — que já representa cerca de 6% do faturamento no Brasil.
Segundo Paulo Antunes, country manager da Fogo de Chão no Brasil, essas mudanças ajudaram a aumentar a frequência dos clientes nas unidades. Hoje, cerca de 20% do público já utiliza os novos formatos de consumo.
Uma marca em constante evolução
A trajetória da Fogo de Chão mostra que adaptação e ousadia são palavras-chave. Desde a saída dos fundadores, os irmãos Arri e Jair Coser, a empresa passou por diversas mãos, captou recursos em bolsas internacionais e soube se posicionar como uma marca global, mantendo o DNA brasileiro do churrasco.
Com uma possível retomada do IPO à vista e uma expectativa de faturamento de US$ 1 bilhão até o fim de 2025, a Fogo de Chão se destaca como um case inspirador de internacionalização e inovação no setor de foodservice.
📌 Conteúdo originalmente publicado pela AGFEED.