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Mercado de Café: colheita lenta, preços em queda

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Em meio à colheita e ao manejo das lavouras, os produtores brasileiros de café enfrentam um cenário desafiador, marcado por fatores climáticos e industriais ainda indefinidos, que tendem a afetar o ritmo das negociações tanto no mercado físico quanto no internacional. As informações são de uma matéria publicada pelo Globo Rural.

De acordo com o relatório mensal da consultoria Pine Agronegócios, o ritmo das vendas segue lento: até o momento, apenas 28% da safra de café arábica foi comercializada, enquanto, no caso do conilon, o percentual é ainda menor, atingindo apenas 16%.

A colheita avança de maneira tímida, sobretudo a mecanizada, já que parte dos grãos ainda não alcançou o ponto ideal de maturação para serem colhidos por máquinas, o que pode atrasar os trabalhos. Ainda assim, há relatos de que o rendimento inicial da temporada está satisfatório.

O relatório também aponta uma maior presença de compradores internacionais no mercado ao longo da semana, interessados em todos os tipos de café, mas realizando ofertas com preços mais baixos. Esse comportamento reflete a atual dinâmica do setor: cotas internacionais próximas aos vencimentos, desequilíbrios entre oferta global, demanda e estoques, e uma indústria atenta às movimentações do campo.

Segundo Vicente Zotti, sócio-diretor da Pine, o comportamento da indústria é um ponto central neste momento. Ele explica que as torrefações devem, em um primeiro momento, recompor suas margens, abrindo espaço para uma leve queda dos preços ao consumidor a partir de julho. Zotti ressalta que a recente mudança no padrão de consumo interno já era esperada, uma vez que os preços do café no varejo mais do que dobraram nos últimos 12 meses.

Apesar desse cenário, a tendência é de reversão, com expectativas de queda nos preços da matéria-prima nas bolsas internacionais a partir de junho e julho. Esse movimento deve ser impulsionado pelas revisões para cima nas estimativas da safra brasileira de 2025/26, o que pode reconfigurar as decisões de comercialização dos produtores.

Outro elemento que compõe esse “xadrez do café”, como define a Pine, é a equação entre oferta e demanda global e a influência climática nas próximas semanas, especialmente em relação à ocorrência de chuvas.

Além disso, o mercado observa atentamente a nova legislação antidesmatamento da União Europeia — a EUDR (European Union Deforestation Regulation) — que pode afetar especialmente a dinâmica do café arábica. A expectativa é que a colheita de café conilon seja maior nesta safra, ajudando a compensar uma possível menor oferta de arábica no segundo semestre.

Essa perspectiva está relacionada à possibilidade de entrada antecipada dos compradores europeus na safra brasileira, motivada pelas incertezas quanto ao tempo de trânsito dos navios e às exigências de rastreabilidade impostas pela EUDR. De acordo com o relatório, esse movimento poderia gerar impactos contratuais e até mesmo perdas financeiras, o que, por sua vez, aumenta as chances de valorização dos preços.

Apesar dessas possíveis oportunidades, a consultoria destaca que o maior desafio para o produtor brasileiro será manter o equilíbrio financeiro, sobretudo para aqueles que não estão suficientemente capitalizados, diante das potenciais volatilidades do mercado nos próximos meses.


Fonte: Globo Rural

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