A empresa norte-americana Wildtype acaba de marcar um importante capítulo na história da alimentação sustentável: seu salmão cultivado em laboratório se tornou o primeiro peixe do tipo a receber aprovação da FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora dos Estados Unidos. A decisão representa um avanço significativo na consolidação das proteínas cultivadas como uma alternativa viável e segura à pesca tradicional.
Segundo o comunicado oficial, a FDA declarou que o salmão da Wildtype é tão seguro quanto produtos semelhantes obtidos por métodos convencionais. A agência ainda destacou que o processo produtivo não apresenta substâncias ou microrganismos que possam comprometer a qualidade do alimento. A aprovação foi concedida por meio de uma consulta de segurança voluntária — um mecanismo que, embora não obrigatório, tem se mostrado um diferencial competitivo para empresas do setor.
Da biotecnologia ao prato
O salmão da Wildtype é desenvolvido a partir de células reais de peixe, cultivadas em ambiente controlado, sem necessidade de abate de animais ou pesca predatória. Após o aval das autoridades, o produto estreou oficialmente no menu do restaurante Kann, em Portland (Oregon), comandado pelo chef haitiano Gregory Gourdet.
No restaurante, o peixe é apresentado em um prato sofisticado, com morangos em conserva, tomate temperado, suco de morango e um biscoito crocante de arroz com especiarias. Durante o mês de junho, o prato está disponível às quintas-feiras, e passará a ser servido diariamente a partir de julho.
Para o chef Gourdet, a escolha do salmão cultivado reflete um compromisso com a inovação e a sustentabilidade: “Essa opção atende aos elevados padrões que buscamos oferecer aos nossos clientes, principalmente aqueles que compartilham nossos valores ambientais”, afirmou.
Expansão no horizonte
Com o sucesso inicial, a Wildtype já planeja ampliar sua presença no mercado gastronômico. A empresa anunciou que, nos próximos quatro meses, seu salmão será incluído no cardápio de outros quatro restaurantes nos Estados Unidos. Além disso, abriu uma lista de espera para novos estabelecimentos interessados em oferecer a novidade.
Especialistas da área de biotecnologia, como a advogada Emily Nytko-Lutz, apontam que a aprovação com a chamada “carta sem perguntas” da FDA facilita a entrada no mercado, tornando-se uma via estratégica para outras empresas do setor.
Essa conquista da Wildtype não apenas reforça o potencial da carne cultivada no cenário alimentar global, como também sinaliza uma mudança nos padrões de consumo e produção, alinhando tecnologia, sustentabilidade e segurança alimentar.
Fonte: Época Negócios
