A inflação nos estabelecimentos de alimentação fora do lar — como bares, restaurantes, lanchonetes e similares — tem avançado em ritmo mais acelerado que a inflação oficial do país. Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 5,53% nos últimos 12 meses, a inflação nesse segmento chegou a 7,61%, segundo dados divulgados pelo IBGE.
Esse cenário preocupa o setor de foodservice, já que, mesmo com o aumento nos preços ao consumidor final, os custos operacionais sobem de forma ainda mais intensa. De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), cerca de 33% dos empreendedores não conseguiram reajustar seus cardápios no último ano. O resultado? Margens de lucro cada vez mais comprimidas.
Custos em alta e endividamento pós-pandemia
Alimentos, energia, aluguel e salários são os principais vilões dessa escalada de custos. Alguns insumos básicos tiveram aumentos expressivos: a carne bovina subiu 22,24%, o frango, 9,16%, o ovo de galinha, 16,74% e refrigerantes e água mineral registraram aumento de 7,08%. Esses reajustes impactam diretamente a estrutura de custos dos estabelecimentos, tornando difícil repassar os valores para o consumidor sem afetar a demanda.
Além disso, muitos negócios ainda enfrentam as consequências financeiras da pandemia. Dívidas acumuladas durante o período de fechamento ou operação reduzida ainda fazem parte da realidade de grande parte dos empreendedores.
O que é o IPCA e por que ele importa
Calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1979, o IPCA é o indicador oficial da inflação no país. Ele reflete o custo de vida e o poder de compra da população e é utilizado pelo Banco Central como referência para definir a taxa básica de juros, a Selic.
O índice acompanha mensalmente a variação de preços de uma cesta ampla de produtos e serviços em áreas urbanas, abrangendo cerca de 90% da população brasileira. Entre as categorias analisadas estão alimentação e bebidas, transporte, habitação, saúde, vestuário, educação, entre outras.
Desafios e caminhos para o setor
O contexto atual exige criatividade, gestão eficiente e estratégias de precificação bem estruturadas para equilibrar as contas e manter a competitividade. Investir em planejamento financeiro, diversificação de fornecedores e no controle rigoroso de desperdícios pode ser decisivo para atravessar esse momento de pressão inflacionária.
No cenário desafiador do foodservice, entender os indicadores econômicos e como eles impactam diretamente o negócio é essencial para tomar decisões estratégicas com mais segurança.
Fonte: Metrópoles