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Nestlé aumenta preços de chocolates nos EUA após disparada do cacau

FREEPIK

Em meio à alta histórica do cacau e outros insumos, a Nestlé decidiu reajustar os preços de diversos produtos à base de chocolate nos Estados Unidos. A medida, que entra em vigor a partir de 23 de junho de 2025, afeta itens como os biscoitos Toll House, cacau para assar e kits de fudge, sinalizando que os consumidores continuarão a sentir o peso da inflação no setor de doces.

A disparada do cacau e os efeitos sobre a indústria

Os preços do cacau atingiram quase US$ 13 mil por tonelada no final de 2024, impulsionados por condições climáticas adversas e doenças em plantações da África Ocidental, principal região produtora. Apesar de uma queda recente de cerca de 30%, os valores seguem muito acima da média histórica, mantendo a pressão sobre os custos industriais.

O aumento no preço do cacau — somado à valorização de outras commodities como café e açúcar — levou grandes companhias do setor a revisar suas estratégias de precificação. No caso da Nestlé, a decisão de repassar parte desses custos ao consumidor veio após tentativas frustradas de renegociar contratos com fornecedores. De acordo com informações divulgadas pela Bloomberg, a empresa chegou a solicitar descontos, revisões e até cancelamentos de contratos, mas nem todos os parceiros concordaram com as novas condições.

Impactos no mercado e nas receitas da Nestlé

Os aumentos recentes foram um dos principais responsáveis pelo crescimento acima do esperado nas receitas da Nestlé no primeiro trimestre de 2025. Em declarações à imprensa, o CEO Laurent Freixe afirmou que a companhia está cobrando “o máximo de preço que pudermos para cobrir nossos custos, ao mesmo tempo em que estamos atentos à resposta do consumidor”.

Embora a inflação geral dos alimentos tenha mostrado sinais de desaceleração nos últimos meses, os produtos derivados de cacau continuam entre os que mais pressionam o orçamento do consumidor. Dados da empresa de pesquisa NIQ mostram que o preço médio unitário do chocolate nos EUA aumentou cerca de 18% em dois anos, atingindo US$ 3,45 por unidade em abril deste ano.

Esse encarecimento já começa a afetar o comportamento de compra. Enquanto empresas como a Hershey registraram queda de 4,5% no volume de vendas mesmo com alta nos preços, outras, como a Mondelez, têm apostado em estratégias de reconfiguração de portfólio, oferecendo diferentes tamanhos de embalagem para manter preços competitivos.

Um sinal de alerta no consumo global

As mudanças sinalizam um cenário ainda instável para os produtos alimentícios que dependem fortemente de commodities. Mesmo com alívio pontual nos preços de algumas matérias-primas, o ambiente macroeconômico continua desafiador, pressionado por inflação acumulada, flutuações cambiais e políticas comerciais — como as novas tarifas propostas pelo governo dos EUA.

A confiança do consumidor norte-americano, por exemplo, caiu para o menor patamar em quase cinco anos, segundo indicadores recentes. Em paralelo, a Nestlé, que perdeu participação de mercado em alguns segmentos na América do Norte, promete ajustar sua atuação, buscando maior eficiência e revisão de portfólio para reconquistar competitividade.



Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pela Bloomberg Línea

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