A crescente pressão por sustentabilidade e os altos preços das commodities estão levando grandes empresas de chocolate e confeitaria a explorar alternativas inovadoras para seus ingredientes. A Mondelez International, conhecida pela marca Oreo, e a britânica Tate & Lyle são exemplos dessa movimentação estratégica no setor.
No início deste mês, a Mondelez investiu em uma rodada de financiamento de US$ 4,5 milhões (cerca de R$ 27,8 milhões) na startup Celleste Bio, que desenvolve cacau cultivado em laboratório. Por sua vez, a Tate & Lyle anunciou uma parceria com a BioHarvest Sciences para criar adoçantes derivados de moléculas vegetais.
Impacto dos Altos Preços do Cacau
Os preços do cacau atingiram níveis recordes em 2024, ultrapassando US$ 12 mil por tonelada em abril. Essa escalada reflete problemas enfrentados por produtores na África Ocidental, como doenças e condições climáticas adversas, agravadas pelas mudanças climáticas.
“Se não mudarmos a forma como obtemos cacau, não teremos chocolate em duas décadas”, alerta Michal Beressi Golomb, CEO da Celleste Bio. A startup israelense utiliza tecnologia de cultura celular para oferecer uma solução que reduz a dependência de métodos agrícolas tradicionais.
Além disso, novas regulamentações, como a exigência da União Europeia de comprovação de que o cacau não é cultivado em áreas desmatadas, estão pressionando ainda mais a cadeia de suprimentos e os custos de produção.
Alternativas para o Chocolate Tradicional
Outras empresas também buscam soluções disruptivas. A finlandesa Fazer desenvolveu um chocolate alternativo feito com centeio maltado e óleo de coco, além de colaborar com centros de pesquisa para criar vagens de cacau cultivadas em laboratório.
No entanto, a substituição do cacau tradicional enfrenta desafios regulatórios e de aceitação pelos consumidores. Na União Europeia, produtos feitos com cacau alternativo não podem ser rotulados como “chocolate”. Para superar barreiras, empresas como Fazer apostam na transparência e no sabor como fatores determinantes para conquistar o público.
O Futuro dos Adoçantes Naturais
Além do cacau, o mercado de adoçantes também está em transformação. A Tate & Lyle investe em alternativas mais saudáveis e sustentáveis, desenvolvendo produtos a partir de compostos vegetais. O objetivo é fornecer adoçantes acessíveis e eficazes, sem elevar os custos para o consumidor final.
Um Setor em Transição
O setor de confeitaria está em plena transição, impulsionado por inovações tecnológicas e pela necessidade de atender à demanda por práticas mais sustentáveis. Empresas como Celleste Bio e Voyage Foods mostram que o futuro da alimentação pode ser mais resiliente, porém o caminho para a adoção em massa ainda envolve superar desafios econômicos, regulatórios e de percepção pública.
Essas transformações representam uma oportunidade para reimaginar o setor de confeitaria, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a acessibilidade para os consumidores.
Publicada na Folha – adaptada para o Blog Foodbiz
Créditos Imagem: Freepik