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Hershey busca compra recorde de cacau diante de escassez global

Créditos: Freepik

A Hershey, gigante americana conhecida por chocolates como Hershey’s, KitKat e Reese’s, solicitou ao principal órgão regulador de derivativos dos EUA, a Commodity Futures Trading Commission (CFTC), permissão para adquirir uma quantidade significativa de cacau na bolsa de Nova York. A iniciativa ocorre em meio a uma crise global de oferta que elevou os preços do cacau a patamares recordes.

O mercado global de cacau enfrenta o quarto ano consecutivo de escassez devido a fatores como clima adverso e disseminação de doenças em grandes produtores como Costa do Marfim e Gana, responsáveis por mais de 60% da produção mundial. Essa situação já elevou os custos da Hershey, levando o CFO da empresa, Steve Voskuil, a alertar sobre um aumento significativo nos preços do cacau em 2025.

Embora a Hershey tenha afirmado em novembro de 2024 estar “bem protegida” em relação às suas necessidades de cacau para 2024 e 2025, a busca por uma autorização especial reflete a gravidade da escassez e os desafios enfrentados pela indústria.

Impactos no mercado de futuros

Os contratos futuros de cacau em Nova York triplicaram no último ano, aumentando os custos de negociação e forçando traders menores a reduzirem suas posições devido à falta de garantias financeiras. O interesse aberto na bolsa caiu 65% em 2023, reduzindo sua eficiência como ferramenta de negociação.

A escassez de cacau fez com que fosse mais barato receber entregas diretamente pela bolsa do que comprar no mercado físico. Como resultado, os estoques certificados pela ICE caíram mais de 70% desde maio de 2023. A quantidade que a Hershey planeja adquirir corresponde a quase todos os grãos certificados atualmente disponíveis para entrega em Nova York.

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Estratégias e precedentes

Essa não é a primeira vez que a Hershey adota uma postura agressiva no mercado de futuros. Em 2020, a empresa assumiu uma posição tão grande que causou distorções nos preços dos contratos futuros, exigindo uma autorização especial da ICE para concluir a transação.

A Hershey está sendo representada pelo advogado Joshua Sterling, sócio da Milbank LLP, que possui experiência em questões regulatórias e já foi cogitado como possível presidente da CFTC. Apesar das complexidades, a medida reflete a importância de assegurar um fornecimento estável de cacau diante de um cenário global desafiador.

Perspectivas futuras

Apesar da escassez global, a produção de cacau começa a dar sinais de recuperação em países menores, como Peru e Equador. No entanto, a dependência dos grandes produtores e a volatilidade dos preços continuam sendo desafios centrais para a indústria de alimentos e bebidas.

Essa movimentação da Hershey reforça a relevância de estratégias robustas de aquisição e gestão de risco para lidar com as incertezas do mercado global de insumos.