“Pior que tarifa” e “resposta desproporcional”

Essas foram as palavras do CEO da Brown-Forman, fabricante do uísque Jack Daniel’s, Lawson Whiting, ao comentar sobre as recentes cenas nos supermercados canadenses, onde bebidas alcoólicas americanas estão sendo retiradas das prateleiras em resposta às tarifas impostas pelos EUA. As ações da empresa caem cerca de 2% na tarde desta quinta-feira, refletindo a tensão gerada pelas medidas de retaliação.

Whiting destacou que, para a Brown-Forman, as ações retaliatórias contra as tarifas de Donald Trump são ainda mais prejudiciais que as próprias taxas. “Elas literalmente estão retirando nossas vendas”, afirmou o CEO, durante uma teleconferência sobre os resultados financeiros da companhia. Na última terça-feira, o Canadá implementou tarifas de 25% sobre produtos importados dos EUA, incluindo vinhos, destilados e cerveja, afetando diretamente a empresa.

De acordo com os dados financeiros do último trimestre, o Canadá representou apenas 1% das vendas totais da Brown-Forman, o que, segundo Whiting, indica que a empresa pode suportar esse impacto. Contudo, o México, que foi responsável por 7% das vendas da empresa em 2024, será monitorado com mais atenção, dada a relevância do mercado.

Recuperação após desaceleração

A Brown-Forman vem conseguindo se recuperar de uma desaceleração na demanda registrada no início deste ano, especialmente nos mercados dos EUA, Canadá e Europa. A empresa compensou essa queda com vendas mais fortes em mercados emergentes, como México e Polônia.

O boicote canadense não está se limitando apenas à indústria de bebidas alcoólicas, mas também afeta setores como eventos esportivos e viagens, gerando um impacto mais amplo nas relações comerciais entre os dois países.