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Como o TikTok está movimentando o mercado global de pistache

Katsiaryna Maiseyonak/Alamy

As redes sociais vêm se consolidando como protagonistas na criação de tendências alimentares — e o TikTok, mais uma vez, provou seu poder. Um simples chocolate recheado com creme de pistache viralizou e desencadeou um impacto inesperado na economia agrícola de grandes produtores como Estados Unidos e Irã.

A história começou no fim de 2023, quando um vídeo elogiando o sabor de um chocolate premium apelidado de “Dubai chocolate” foi publicado na plataforma. Desde então, a publicação acumulou mais de 120 milhões de visualizações, gerando uma onda de vídeos semelhantes e uma corrida mundial por esse doce luxuoso.

O sucesso do produto levou à escassez global de pistache, ingrediente essencial no recheio cremoso do chocolate. As amêndoas de pistache — cultivadas principalmente nos EUA e no Irã — passaram por um salto de preço significativo: de US$ 7,65 para US$ 10,30 por libra, segundo o trader Giles Hacking, da CG Hacking.

Essa escassez foi agravada por uma safra fraca nos EUA em 2023. Apesar da menor quantidade, os pistaches foram colhidos com alta qualidade, sendo vendidos majoritariamente inteiros e com casca, o que reduziu ainda mais a oferta dos grãos usados na fabricação de chocolates. No mesmo período, o Irã aumentou em 40% suas exportações para os Emirados Árabes Unidos, o que mostra o efeito dominó causado pela demanda crescente.

O chocolate sensação combina chocolate ao leite, a massa folhada kataifi e um creme de pistache — uma referência direta à sobremesa tradicional árabe knafeh. Criado pela marca de luxo Fix, sediada nos Emirados e vendida exclusivamente no país, o produto foi batizado com um trocadilho espirituoso: Can’t Get Knafeh of It.

Rapidamente, marcas renomadas como Läderach e Lindt lançaram suas versões com pistache, mas também estão enfrentando dificuldades para atender à demanda global. Charles Jandreau, diretor do grupo britânico Prestat, relatou ao Financial Times que o fenômeno pegou toda a indústria de surpresa: “Parecia ter surgido do nada. De repente, estava em todas as lojas de bairro”.

Com lojas limitando a venda por cliente, resta a dúvida: estamos diante de um fenômeno de marketing digital sem precedentes ou simplesmente da eterna sedução do bom e velho chocolate?



Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pelo The Guardian

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