Uma pesquisa recente do Datafolha revelou uma mudança significativa no comportamento dos brasileiros em relação ao consumo de bebidas alcoólicas. Entre os entrevistados que afirmam beber, mais da metade (53%) relatou ter diminuído a ingestão de álcool no último ano.
O levantamento foi realizado entre os dias 8 e 11 de abril, com 1.912 pessoas em 113 municípios do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
O que está por trás da mudança?
A saúde aparece como principal motivador dessa mudança de hábito. Entre os brasileiros que não bebem, 34% mencionam questões de saúde como o principal motivo. Outros fatores relevantes incluem:
- 21% dizem não gostar do sabor das bebidas alcoólicas;
- 13% apontam motivos religiosos;
- 8% evitam o consumo por histórico familiar de dependência;
- 7% relatam medo ou rejeição ao comportamento de pessoas alcoolizadas;
- 3% afirmam simplesmente não ter interesse em beber.
Frequência do consumo: uma ou duas vezes por semana
Apesar da redução, o consumo de álcool segue presente no cotidiano de parte da população. De acordo com os dados:
- 20% dos brasileiros bebem uma ou duas vezes por semana;
- 13% consomem ao menos uma vez por mês;
- 10% bebem quinzenalmente.
Ainda assim, 36% dos entrevistados afirmaram não ter consumido álcool na semana anterior à entrevista. Entre os que beberam, 19% ingeriram até duas doses e 16%, entre três e cinco doses. A pesquisa considerou como “dose” um copo, lata, taça ou drinque.
A percepção do consumo
Mesmo com o consumo presente, 81% dos que bebem acreditam que o fazem de forma “adequada”. Outros 11% reconhecem beber mais do que deveriam e 7% afirmam consumir “muito mais”.
Essa autopercepção revela um ponto importante para campanhas de conscientização: há espaço para ampliar o diálogo sobre limites seguros e consumo responsável, especialmente nos estabelecimentos de foodservice.
Perfil dos consumidores: renda e idade fazem diferença
O levantamento também destaca uma relação direta entre nível de renda e consumo de álcool. Os dados mostram que:
- 64% dos que recebem de 5 a 10 salários mínimos bebem;
- 59% dos que ganham acima de 10 salários mínimos também consomem bebidas alcoólicas;
- Entre os que têm renda de até 2 salários mínimos, 57% afirmam não beber.
A faixa etária também influencia os hábitos. O grupo com maior prevalência de consumo é o de 18 a 34 anos (58%), enquanto a menor incidência ocorre entre pessoas com 60 anos ou mais (35%). O estudo também traz dados sobre adolescentes de 16 e 17 anos, apresentados separadamente por conta da restrição legal para esse público.
O que isso significa para o foodservice?
O cenário aponta para um consumidor cada vez mais consciente — seja por saúde, economia ou estilo de vida. Cafeterias, bares, restaurantes e demais negócios do setor devem estar atentos a essas transformações. Investir em alternativas não alcoólicas criativas e saudáveis pode ser um diferencial competitivo, especialmente entre os públicos mais jovens e conectados com hábitos de bem-estar.
Fonte: Exame