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Fidelidade ao café resiste à alta de preços, aponta pesquisa nacional

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Mesmo com o aumento expressivo no preço do café, que acumula alta de mais de 80% nos últimos 12 meses segundo o IBGE, a paixão dos brasileiros pela bebida segue firme. Uma nova pesquisa da consultoria Ilumeo revelou que 90% da população percebeu essa alta, mas quase metade dos consumidores continua comprando a mesma marca e na mesma quantidade.

O estudo, realizado pela plataforma Delfos com 400 pessoas de diferentes regiões e faixas de renda, aponta que 48% dos entrevistados mantiveram seus hábitos de consumo. Segundo Diego Senise, diretor de pesquisa da Ilumeo, isso mostra que a relação com o café vai além do preço: “A percepção de valor do café é emocional e funcional. Quem toma mais de uma xícara por dia é justamente quem menos muda seus hábitos”.

Já entre os que precisaram ajustar o orçamento, 52% mudaram de marca, reduziram a quantidade ou fizeram ambas as coisas. Nas classes C, D e E, o impacto foi ainda maior: 62% alteraram o consumo, contra 44% nas classes A e B. A sensibilidade ao preço, portanto, varia bastante entre os diferentes perfis de consumidores.

Entre os que mudaram de comportamento, 12% optaram por marcas mais baratas, 17% diminuíram o consumo, e 23% combinaram as duas estratégias. Ainda assim, a fidelidade à bebida é forte. Marcas como 3 Corações, Pilão, Melitta e Nescafé continuam liderando a preferência nacional.

O segmento de cápsulas, que já representa 30% do consumo de café no Brasil, também mostra alto nível de fidelização. Apenas 26% dos consumidores dizem experimentar novas marcas com frequência. A maioria tem uma marca principal e permanece com ela na maior parte do tempo.

Do lado da produção, o cenário também é desafiador: problemas climáticos, câmbio instável e limitações na oferta mantêm os preços elevados, mesmo com uma previsão de crescimento de 2,7% na safra de 2025.

Diante desse cenário, especialistas apontam caminhos para as marcas. Para o público mais sensível ao preço, é hora de mostrar que é possível manter qualidade com bom custo-benefício. Já as marcas premium podem reforçar o valor simbólico do “ritual do bom café”, destacando o papel afetivo que a bebida ocupa no dia a dia.

Além disso, estratégias como programas de cashback, parcerias com plataformas de benefícios e vendas por assinatura podem ajudar as empresas a manter a frequência de consumo e reforçar o vínculo com seus clientes. “O modelo D2C com assinatura garante previsibilidade para as marcas e sensação de economia para o consumidor”, diz Senise.

Com criatividade e escuta ativa, o mercado pode atravessar esse momento sem perder a conexão com um dos hábitos mais queridos dos brasileiros: o café de todo dia.



Fonte: Exame

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