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Minas lidera produção de cachaça no país, segundo relatório

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O mercado da cachaça brasileira deu mais um passo rumo à consolidação em 2024. Segundo o Anuário da Cachaça 2025, lançado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em parceria com o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), o país alcançou a marca de 7.223 produtos legalmente registrados — um salto de 20,4% em comparação ao ano anterior. O número de estabelecimentos elaboradores também cresceu, chegando a 1.266, com avanço de 4%.

Os dados revelam um movimento positivo de formalização do setor, mas que ainda esbarra em antigos desafios. Para Carlos Lima, presidente do Ibrac, o aumento dos registros indica, sobretudo, uma redução na informalidade. “É um sinal importante, mas ainda distante do potencial que a cachaça tem como patrimônio nacional e ativo econômico”, afirma.

Minas Gerais na liderança e o avanço do Ceará

O estado de Minas Gerais segue como o principal polo da cachaça no Brasil, com 501 estabelecimentos registrados. A força da tradição mineira e a atuação de pequenos produtores artesanais sustentam essa posição histórica. Porém, quem mais surpreendeu em 2024 foi o Ceará, que registrou o maior crescimento percentual no número de cachaçarias formalizadas: um salto de 38,2% em apenas um ano, passando de 34 para 47 estabelecimentos.

A distribuição regional reforça a concentração no Sudeste, que abriga mais de 800 cachaçarias, seguido por Nordeste (189) e Sul (183).

Produção cresce, mas dados exigem cautela

O volume de produção declarado também teve um aumento expressivo, somando 292 milhões de litros — 29,58% a mais que no ano anterior. No entanto, Mapa e Ibrac alertam: os números refletem ajustes em um novo sistema de coleta de dados, ainda sujeito a inconsistências.

“Não se trata de um crescimento real nessa proporção. O novo sistema está em fase de adaptação e ainda não representa com precisão o total produzido no país”, explica Lima.

Exportações em queda e os desafios internacionais

Apesar dos avanços no mercado interno, o desempenho no exterior recuou. As exportações de cachaça caíram 22,7% em relação a 2023, ano que havia sido recorde para o setor. A retração, segundo Lima, está relacionada a fatores como a instabilidade econômica em mercados estratégicos, como o europeu.

“Construir uma categoria no exterior é um trabalho de longo prazo. Requer promoção contínua, reconhecimento da cachaça como produto brasileiro e preparo das empresas para exportar”, ressalta.

Tributos desiguais e urgência por reformas

Entre os principais obstáculos apontados pelo setor está a carga tributária. A cachaça segue como uma das bebidas mais taxadas do Brasil, perdendo competitividade frente a produtos como vinho e cerveja, que contam com regimes fiscais mais vantajosos.

“A reforma tributária representa uma chance única de corrigir essa disparidade. A cachaça precisa ser tratada com o mesmo respeito e estímulo que outras bebidas”, defende o presidente do Ibrac.

Inovação e valorização do produto

Mesmo diante das dificuldades, o setor tem investido em modernização. Embalagens mais sofisticadas, uso de ingredientes diferenciados, práticas sustentáveis e rótulos premium são algumas das estratégias adotadas para reposicionar a bebida no mercado.

“Estamos vendo um setor que busca diferenciação e valor agregado. A inovação tem sido um caminho cada vez mais explorado”, comenta Lima.

Com uma base mais formalizada, maior organização e esforços concentrados em políticas públicas, a cachaça se prepara para novos avanços. O futuro, no entanto, dependerá também de vontade política e de uma visão estratégica que reconheça a importância da bebida não apenas como um símbolo cultural, mas como um motor para o desenvolvimento econômico.

“A cachaça é a bebida nacional do Brasil. Não podemos tratá-la como coadjuvante em nosso cenário econômico”, finaliza Lima.


Análise em números – Anuário da Cachaça 2025 (dados de 2024)

  • Produtos registrados: 7.223 (+20,4%)
  • Estabelecimentos elaboradores: 1.266 (+4%)
  • Produção declarada: 292 milhões de litros (+29,58%)
  • Exportações: queda de 22,7%
  • Estados com mais registros: MG (501), SP (179), ES (81), SC (73)
  • Maior crescimento estadual: Ceará (+38,2%)


    Obs. Dado indicativo, sujeito à revisão.


Fonte: Estado de Minas

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