Nos últimos anos, os atacarejos – lojas que combinam os formatos de atacado e varejo, oferecendo preços mais baixos que os supermercados tradicionais – passaram por profundas transformações. Inicialmente voltados para a venda de produtos em grande quantidade e com foco nos preços acessíveis, esses estabelecimentos começaram a incorporar novas ofertas e serviços para se diferenciarem em um mercado cada vez mais competitivo, conforme matéria publicada pelo Estadão.
Mais do que Preço, também Conveniência
O primeiro grande passo dessa mudança foi a inclusão de hortifrutigranjeiros, a criação de padarias e a adição de seções de frios fatiados e açougues. Mais recentemente, os atacarejos expandiram seus formatos, criando galerias comerciais dentro das lojas, com a inclusão de diversas opções de negócios, como restaurantes, academias de ginástica e outras lojas especializadas.
Essas galerias, que antes eram herdadas de lojas de hipermercados convertidas para o formato de atacarejo, agora fazem parte do planejamento de novos projetos desde sua concepção. Um exemplo disso é a loja do Assaí no Guarujá (SP), que inaugurou uma galeria comercial pensada desde o início do projeto da loja, prevista para funcionar a partir de março de 2025.
No Estado de São Paulo, o maior mercado consumidor do país, as vendas dos atacarejos perderam fôlego em 2024. As receitas das redes cresceram 3,35% em comparação ao ano anterior, enquanto os supermercados apresentaram um aumento de 5,24%. Embora esse ritmo de crescimento seja inferior ao dos supermercados, quando se considera a mesma base de lojas, o aumento geral nas vendas dos atacarejos foi de 9,68% quando incluímos o crescimento no número de lojas.
Com a saturação do mercado em razão da entrada de novas redes de atacarejo, as empresas do setor buscam alternativas para atrair mais consumidores para suas lojas e aumentar o ticket médio de vendas. A estratégia inclui a introdução de novos serviços e a criação de galerias comerciais que possam atrair clientes para além das compras de produtos, promovendo uma experiência de compra mais diversificada e confortável.
Assaí e Atacadão: Sucesso na implementação de Galerias Comerciais
O Assaí, segundo maior atacarejo do Brasil, com faturamento de R$ 72,8 bilhões em 2023, já tem 104 das suas 302 lojas com galerias comerciais. Essas galerias atingem 80% de taxa de ocupação, gerando uma receita de locação de R$ 26 milhões e apresentando um crescimento de 13% em relação ao ano anterior. A ideia é criar um ecossistema que fidelize os consumidores, tornando-os mais propensos a retornar às lojas e aumentar a frequência de suas compras.
Por outro lado, o Atacadão, líder de vendas no setor com R$ 79,1 bilhões em faturamento em 2023, também adota a estratégia de galerias comerciais. Das 379 lojas, 79 já contam com essas áreas. As galerias não só atraem novos consumidores, mas também ajudam a aumentar o fluxo de clientes nas lojas, promovendo uma experiência de compra mais diversificada e agradável.
O Max Atacadista e o novo conceito de Lojas de Conveniência
O Max Atacadista, do Grupo Muffato, tem seguido uma estratégia semelhante, com 90% de suas lojas de atacarejo incorporando alamedas comerciais, algumas delas com academias de ginástica. O objetivo é fidelizar o cliente por meio da conveniência, agregando valor à experiência de compra.
Esses espaços comerciais, muitas vezes complementados por serviços como farmácias e fast food, têm se mostrado fundamentais para aumentar o fluxo de clientes e incentivar mais visitas às lojas. A ideia é criar um ambiente onde o consumidor não precise sair para outras necessidades, já que encontrará várias opções dentro da própria loja.
A Importância das lojas de conveniência para o Foodservice
O crescimento e a diversificação dos atacarejos impactam diretamente o setor de foodservice, especialmente com a inclusão de restaurantes, lanchonetes e até academias nas galerias comerciais dessas lojas. A criação de um “ecossistema” de serviços dentro das lojas de atacarejo tem mostrado que, ao contrário de ser apenas um lugar para comprar produtos a preços baixos, esses espaços se tornam destinos completos para os consumidores.
Além disso, a presença de restaurantes e outros estabelecimentos alimentícios dentro desses ambientes fortalece a integração entre o atacarejo e o foodservice, criando um fluxo constante de clientes que se sentem atraídos não apenas pelo preço, mas pela conveniência de poder resolver diversas necessidades em um só lugar. Para o foodservice, isso significa mais oportunidades de negócios e um público mais fiel, que, ao fazer suas compras, também acaba consumindo alimentos em suas visitas.
Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pelo Estadão