Segundo reportagem publicada pela Globo Rural, a Cargill, uma das gigantes do agronegócio global, está passando por uma reestruturação estratégica para ampliar sua atuação junto ao varejo e ao consumidor final — mas com o cuidado de não competir com seus clientes da indústria e do food service.
A movimentação é liderada por Cristina Faganello, diretora-geral da divisão de Alimentos da empresa para a América do Sul, criada a partir da recente reorganização global da companhia. Agora, a estrutura da Cargill se divide em três áreas principais: Alimentos, Ag & Trading e Portfólio Especializado — uma mudança anunciada após a companhia não atingir as metas internas de lucratividade no último ciclo fiscal.
Inovação e sustentabilidade como estratégia
Parte essencial dessa nova fase da Cargill está no fortalecimento do seu centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), localizado em Campinas (SP). O espaço reúne laboratórios de ponta voltados à criação de novos ingredientes, reformulação de produtos, desenvolvimento de embalagens e soluções voltadas à sustentabilidade.
Nos últimos quatro anos, a área de P&D da América Latina recebeu US$ 8 milhões em investimentos. Essa aposta já apresenta frutos importantes, como a redução de 17% na pegada de carbono da marca Elefante, após a substituição de latas por embalagens plásticas em seus extratos de tomate.
Segundo Sandra Biben, diretora de P&D para a América Latina, o objetivo é “aproximar os desejos dos consumidores às demandas dos clientes e empresas, com projetos que unem a academia, as indústrias e a equipe de cientistas da Cargill”.
O centro conta com uma equipe altamente qualificada, com 17 mestres e seis doutores, e atua em parceria com universidades, centros acadêmicos, outras empresas e startups.
Novos produtos para o varejo?
Entre os produtos que podem chegar ao consumidor final estão chocolates, coberturas e recheios — que já integram a linha food service da marca Genuine. Apesar de ainda não haver uma decisão definitiva, a unificação dos negócios de alimentos na América Latina abre espaço para novas possibilidades.
Além disso, a divisão de Alimentos da Cargill passa a reunir toda a linha de proteínas da empresa, incluindo produtos plant-based e carne de frango, segmento no qual a empresa é líder na região.
Cacau: um olhar para o futuro
Outro ponto de destaque é o plano da Cargill de dobrar a produção de cacau no Brasil e recuperar os patamares de dez anos atrás, quando o país colhia cerca de 400 mil toneladas. A meta é ambiciosa: aumentar a produtividade média de 300 kg por hectare para 3.000 kg por hectare, integrando lavoura e floresta em um modelo mais sustentável.
Além do investimento no Brasil, a empresa também apoia a produção de cacau no Equador, em uma tentativa de diversificar a oferta global e reduzir a dependência do Oeste da África, responsável por 70% da produção mundial. No entanto, por enquanto, o Brasil não poderá importar esse cacau por questões sanitárias.
Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pela Globo Rural