Publicado originalmente na Exame, este artigo destaca a trajetória da Chiquinho Sorvetes, uma marca que vem se consolidando como referência no mercado brasileiro de sorvetes. Fundada há 45 anos em Minas Gerais, a empresa se destaca em um setor altamente pulverizado e competitivo, onde a produção simples e a popularidade do produto tornam o mercado acessível a diversas empresas.
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis), o Brasil abriga mais de 11.000 empresas ligadas ao setor de sorvetes e gelatos, sendo 92% delas micro e pequenas. No entanto, a Chiquinho se diferencia pelo seu impressionante modelo de expansão via franquias. Com 870 lojas ativas e mais de 130 unidades já vendidas, a rede abre cerca de 15 novas lojas por mês e projeta inaugurar sua milésima unidade em São Paulo no segundo semestre deste ano. Em 2023, a marca faturou R$ 1 bilhão, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior.
Crescimento além das capitais
O sucesso da Chiquinho se deve, em grande parte, à sua presença massiva fora dos grandes centros urbanos. Aproximadamente 80% das lojas estão localizadas no interior do Brasil, em cidades como Cerejeiras (RO) e Joaçaba (SC), que antes não recebiam investimentos de grandes redes. Essa estratégia permite que a marca alcance consumidores pouco explorados por outras franquias e expanda sua base de clientes.
A origem da Chiquinho em uma cidade do interior também contribuiu para sua afinidade com esse modelo. O negócio começou em Frutal (MG), em uma pequena loja de 16 metros quadrados, e foi impulsionado pela visão empreendedora de Isaías Bernardes, que transformou a sorveteria local em uma rede nacional.
Franquia estruturada e inovação
A estruturação do modelo de franquias da Chiquinho começou em 2010, com um foco na verticalização da operação. A empresa adotou um processo padronizado de fabricação de sorvetes, que hoje são produzidos em uma fábrica terceirizada e distribuídos aos franqueados em embalagens semelhantes às do leite longa vida, o que reduz os custos logísticos. O sorvete expresso é processado em máquinas exclusivas, garantindo qualidade e consistência no sabor.
Além da padronização do produto, a Chiquinho investiu na criação de uma frota própria de caminhões para abastecimento, uma agência interna de marketing e até um escritório de arquitetura para padronizar o design das lojas. Esse controle sobre a operação contribuiu para a eficiência e o crescimento da rede.
Outro diferencial foi a criação, em 2021, da Apte, empresa de tecnologia da Chiquinho. O software desenvolvido permite a gestão integrada das franquias, facilitando pedidos de estoque e análise de desempenho de cada unidade. A tecnologia também auxilia na escolha de novos pontos comerciais, cruzando dados de fluxo de pessoas e renda per capita para identificar as melhores localizações para expansão.
Concorrência e desafios futuros
Embora a Chiquinho lidere no segmento de franquias de sorvetes, o setor está em constante evolução. Nos últimos anos, houve um aumento de 68% no número de marcas franqueadas no segmento, e o total de lojas ligadas a redes cresceu 33% em 2023, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF). Além das pequenas sorveterias independentes, a Chiquinho compete com grandes redes de fast-food, como McDonald’s e Burger King, que também apostam em sorvetes a preços acessíveis.
Apesar da concorrência, a marca continua investindo na expansão e na melhoria de sua estrutura. Com um investimento de R$ 150 milhões, a empresa está construindo a Cidade Chiquinho, um complexo administrativo de 260.000 metros quadrados em São José do Rio Preto (SP), que unificará suas operações.
O fundador Isaías Bernardes reafirma a visão de crescimento sustentável da empresa. “Nosso foco é consolidar o que já construímos. Ainda há muito espaço para crescer”, diz. A trajetória da Chiquinho Sorvetes reforça o potencial do setor de franquias no Brasil e mostra que um modelo bem estruturado pode transformar um simples sorvete em um negócio bilionário.
Essa adaptação foi inspirada na matéria original publicada pela Exame