O foodservice foi um dos setores mais impactados pela pandemia, com as frequentes restrições para conter o avanço da doença. Para 70% dos empresários do setor, a falta de capital de giro é o principal desafio para a retomada e sobrevivência dos seus negócios, assim como as dívidas acumuladas no período. É o que aponta a pesquisa “Alimentação na Pandemia: a visão dos operadores do foodservice”, feita pela Galunion, consultoria especializada no segmento, em parceria com o Instituto Foodservice Brasil (IFB) e a Associação Nacional de Restaurantes (ANR), sobre o impacto da pandemia no setor de foodservice.
Outro desafio, segundo a pesquisa, é a rentabilidade do modelo de negócios (48%). A mudança de hábitos do consumidor (47%) também preocupa os estabelecimentos. “O que virá no pós-pandemia é uma grande incógnita. Precisamos ver qual será a dinâmica do home office, se será um modelo híbrido e com qual frequência”, analisou o presidente IFB, Ely Mizrahi, no webinar que debateu os impactos da pandemia no setor. O evento foi conduzido pela fundadora do Galunion, Simone Galante, e contou também com a participação do diretor-executivo da ANR, Fernando Blower.
Segundo Simone, em São Paulo e em grandes centros urbanos existem condições diferentes, com regiões com alta densidade de restaurantes em relação aos moradores fixos, onde estão concentrados os escritórios. “Esse é um dos principais motivos de fechamento de restaurantes no mundo”, afirma Simone. O presidente do IFB analisa também que a alta do desemprego impacta os estabelecimentos nessas regiões, assim como os shoppings.
Restrições
Para 41% dos entrevistados na pesquisa, o horário limitado ou a proibição de funcionamento, com excesso de protocolos a seguir, é o principal desafio para a melhora no faturamento atual. A falta de renda do consumidor foi apontada por 28% dos estabelecimentos e 18% indicaram a localização onde o movimento ainda não voltou ao normal (como shoppings e aeroportos). Outros 13% disseram que a falta de confiança do consumidor para consumir em bares e restaurantes.
“Essa mobilização é fundamental. Tivemos casos importantes no início da pandemia, no sentido de oferecer condições e soluções diferenciadas, mas ainda é necessário trabalhar de forma colaborativa porque se um estabelecimento estiver na frequência de fechar as portas é um problema é de todos”, diz Mizrahi.
Demissões
Segundo o levantamento, 64% dos estabelecimentos promoveram demissões desde o início da pandemia, com 21% dos colaboradores desligados. Apesar das demissões, 48% dos ainda pretendem aderir ao Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) para reduzir ou suspender a jornada. “É interessante ressaltar que, se pegarmos os dados do Caged, eles são muito semelhantes: mostram uma redução em torno de 20% dos empregos. O nosso setor foi um dos que mais desempregaram, principalmente os jovens”, diz Blower, da ANR.
O levantamento foi feito com 650 empresas de diversos perfis entre os dias 9 de abril e 5 de maio. A grande maioria dos entrevistados (76%) se classifica como independente, com até três lojas. Os demais foram classificados como franqueados com até três lojas (6%), franqueados com mais de três lojas (3%), redes de lojas própria (4%), franqueador (5%) e multiconceito (6%).
Por Larissa Féria
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil