A inteligência artificial (IA) está transformando o setor de alimentos e desempenha um papel cada vez mais estratégico para promover uma produção sustentável e eficiente. Essa foi a mensagem central de Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, durante o painel “Business and the Global Economy: Driving Growth and Innovation”, realizado na Global Conference 2025, promovida pelo Milken Institute em Los Angeles.
Segundo Tomazoni, o conceito de inovação vai além do desenvolvimento tecnológico: ele envolve novas maneiras de produzir, consumir e pensar o sistema alimentar. Para o executivo, “ser sustentável significa produzir mais com menos”, e a combinação entre IA e biotecnologia tem o potencial de aumentar significativamente a produtividade, ao mesmo tempo em que reduz o uso de recursos naturais. Ele citou a agricultura regenerativa como exemplo de prática que melhora a saúde do solo, aumenta a biodiversidade e contribui para a captura de carbono.
Agricultura no centro da agenda global
Com a população mundial em crescimento e a demanda por proteínas em alta, Tomazoni defendeu que a agricultura precisa estar no centro das estratégias de desenvolvimento sustentável. Ele destacou o potencial do setor para não apenas alimentar o mundo, mas também para ser um protagonista no combate às mudanças climáticas.
“Acreditamos que a segurança alimentar deve estar entre as principais prioridades globais”, afirmou, lembrando que mais de 2,3 bilhões de pessoas no mundo enfrentam algum nível de insegurança alimentar, de acordo com dados da ONU.
Apoio aos pequenos produtores: tecnologia e inclusão
Outro ponto fundamental do debate foi a inclusão dos pequenos agricultores, responsáveis por cerca de 30% da produção global de alimentos. Para Tomazoni, é essencial garantir o acesso desses produtores às novas tecnologias — como IA e biotecnologia —, além de oferecer suporte técnico e financeiro para mitigar os riscos e ampliar sua competitividade.
Ajay Banga, presidente do Banco Mundial e também participante do painel, reforçou a importância de manter os pequenos produtores no campo. Segundo ele, a agricultura precisa ser vista como um futuro viável, especialmente por meio de iniciativas como cooperativas, acesso a insumos de qualidade, marketing eficiente e ferramentas digitais. Banga destacou, por exemplo, o uso de IA para diagnóstico de doenças em lavouras via celular, permitindo ao produtor saber exatamente qual insumo buscar para o tratamento.
Inovação prática: como a JBS utiliza IA
Durante sua participação, Tomazoni também compartilhou iniciativas da JBS que já utilizam IA em larga escala: da análise do comportamento do consumidor à previsão de demanda, passando pela otimização da produção nas fábricas e no campo. Com isso, a empresa consegue reduzir desperdícios e melhorar a eficiência em toda a cadeia produtiva.
Além de Tomazoni e Banga, o painel contou com a presença de Mariam bint Mohammed AlMheiri, CEO do grupo 2PointZero, e Rich Lesser, presidente global da consultoria BCG. A mediação ficou por conta de Gerard Baker, repórter especial do Wall Street Journal.
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