O foodservice está entre os mercados mais impactados durante a pandemia. As operações que conseguiram driblar as adversidades dos últimos dois anos e se mantiveram em funcionamento trazem consigo alguns denominadores comuns, como a rápida transformação dos seus negócios levando em conta o comportamento e a previsão das expectativas dos consumidores como centro de atenção; o uso da tecnologia a favor da qualidade, da funcionalidade; e da entrega de diferenciais e uma atuação consciente, que também envolve toda a cadeia de fornecedores, de prestadores de serviços e até os insumos, do plantio ao estoque, com menor desperdício possível de alimentos.
De acordo com projeção do Food Consulting, de levantamentos da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) e de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após a retração de 32% em 2020, neste ano o setor terá uma alta entre 22% e 25%, o que permite vislumbrar um futuro promissor ao foodservice. Já o Índice Desempenho Foodservice revela um aquecimento das compras dos operadores, com crescimento de até 93%, na comparação dos meses de abril de 2020 e de 2021.
Esses números revelam um importante cenário de atuação tanto para o segmento quanto para o País, levando em consideração que a alimentação está entre os principais pilares da economia nacional. Mesmo com o fechamento de quase 300 mil estabelecimentos ao longo da pandemia, o futuro do foodservice é certo e baseado em um novo público, mais democrático e receptível a formas de alimentação como também preocupado com a saúde pessoal e com o sistema que permeia a cadeia de produção: do plantio sustentável até o retorno da embalagem ao ciclo de reutilização.
Além disso, como um dos setores mais importantes para a Vapza, posso dizer que algumas tendências já começaram a ser empregadas e a trazerem resultados. Estoques mais compactos, produtos mais duradouros e segurança alimentar permitem menos perdas, maior economia e um uso mais aprimorado dos insumos. A redução das embalagens promove a oferta de porções menores. A tecnologia também tem sido grande aliada em todas as etapas do percurso, principalmente no contato com o consumidor, que agora – caso deseje – recebe a alimentação onde estiver e não mais precisa ir até ela. Neste sentido, o frescor e a apresentação do prato também são desafios que vêm sendo supridos com efetividade pelo foodservice.
O meio online se tornou obrigatório e, ao mesmo tempo em que democratiza e viabiliza o acesso à informação, também promove a troca de experiências. É preciso pensar que, por mais que o cliente não esteja no estabelecimento, todo o percurso de compra até o recebimento do prato escolhido passa também por uma vivência com a marca.
Embalagens transmitem conceitos e por isso se tornaram tão importantes também no foodservice. Desde a eficiência no armazenamento do alimento até a reutilização ou a comunicação sobre qual a melhor forma de descarte, tudo tem sido avaliado quando tornamos a alimentação algo mais do que um processo fisiológico: um estilo de vida.
Para o futuro do segmento de foodservice, acredito em um consumo cada vez mais consciente em toda a cadeia, que abrange desde o produto em si até o descarte de alimentos; acredito nas tecnologias a favor da qualidade, da segurança e da saudabilidade dos ingredientes.
Creio na transparência do processo, e numa oferta de produtos e serviços que entendam a real necessidade dos consumidores – seja gastronômica ou fisiológica – e que estejam de acordo com um mundo mais preocupado com o que se consome no agora e nas próximas gerações. O foodservice é a ponte entre o campo, as empresas de alimentos e a mesa na qual o cliente está sentado. As pessoas querem saber de onde vêm os ingredientes que as empresas dão aos seus clientes. É preciso estar preparado para atender a todos os lados.
Por Enrico Milani, CEO da Vapza
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