O setor de panificação brasileiro viveu um ano de forte expansão em 2024. Segundo dados do Instituto de Desenvolvimento das Empresas de Alimentação (Ideal), o faturamento das padarias alcançou R$ 153,36 bilhões — um avanço de 10,92% em comparação com 2023. Esse crescimento não se deve apenas ao aumento no fluxo de consumidores, mas também à capacidade de adaptação das panificadoras às novas demandas do mercado.
Um dos destaques do ano foi o retorno das padarias ao centro do convívio cotidiano. Os dados indicam um aumento de 4,57% no número de clientes, reflexo da retomada desses espaços como pontos de encontro, refeições rápidas e até reuniões de trabalho. Para Emerson Amaral, especialista em gestão empresarial e membro do conselho técnico da ABIP (Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria), o setor passou a ocupar um papel multifuncional:
“A padaria voltou a ser o local para refeições rápidas, encontros e até reuniões de trabalho. O crescimento deste ano foi quase quatro vezes maior que o do ano passado, o que reforça seu papel como um espaço de serviços diversificados”, afirma.
Inovação e saudabilidade como motores de transformação
O relatório destaca uma clara tendência de consumo voltada à saudabilidade e praticidade. Nesse cenário, ingredientes como a massa madre ganharam protagonismo. A multinacional francesa Lesaffre, referência na produção de massa madre viva em larga escala no Brasil, vem impulsionando essa transformação ao oferecer produtos com melhor sabor, textura, valor nutricional e durabilidade.
Segundo André Tesini, diretor Comercial e de Marketing da Lesaffre Brasil:
“A inovação, como a introdução da massa madre viva, está impulsionando o setor, atendendo ao consumidor moderno que busca alimentos saudáveis e de alta qualidade”.
Panorama regional e perfil empresarial do setor
O crescimento da panificação foi percebido em todas as regiões do país, com destaque para o Norte, que apresentou um avanço de 16,36% no faturamento. Já o Sudeste, apesar de crescer a uma taxa menor (8,87%), continua concentrando a maior parte das padarias do Brasil. São Paulo lidera com 21.358 estabelecimentos, seguido por Rio de Janeiro (12.191), Belo Horizonte (4.809), Brasília (4.723) e Salvador (4.005).
O setor é composto majoritariamente por Microempreendedores Individuais (MEIs), que representam 62,98% das empresas. No entanto, as Microempresas (MEs) e Empresas de Pequeno Porte (EPPs) continuam sendo as principais responsáveis pelo volume de faturamento. Em 2024, a panificação gerou aproximadamente 1,08 milhão de empregos diretos e 1,93 milhão de empregos indiretos — apesar do desafio persistente da escassez de mão de obra qualificada.
Produtividade em alta e o papel da inteligência artificial
Outro dado positivo vem do aumento da produtividade por funcionário, que cresceu 12,45% em 2024, atingindo R$ 14.080,23. O pão francês segue como carro-chefe das padarias, com crescimento de 5,17% no volume de vendas. Ainda assim, há espaço para diferenciação por meio de produtos artesanais, formulações saudáveis e novas experiências sensoriais para os consumidores.
A inteligência artificial também começa a transformar o setor, sendo aplicada desde a personalização da comunicação com clientes até a automação da gestão de vendas. Essas soluções vêm se consolidando como ferramentas estratégicas para impulsionar a eficiência e a competitividade das padarias brasileiras.
Fonte: Portal do Agronegócio
