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‘Setor trabalha em modo sobrevivência’, diz presidente do IFB

As novas medidas de restrição impostas pelo governo do Estado de São Paulo, que começam a valer à meia-noite de sábado (6), terão forte impacto no setor de bares e restaurantes, já debilitado pela crise gerada pela pandemia de Covid-19.

Apesar de outras regiões brasileiras terem adotado medidas semelhantes antes, a entrada de São Paulo para esse “rol” agrava a situação porque o Estado concentra, atualmente, 38% de todo o mercado de alimentação fora do lar do País, afirma o presidente do Instituto Foodservice Brasil (IFB), Ely Mizrahi.

Para ele, o aumento de casos e de mortes relacionados à Covid-19 dos últimos dias, em boa parte resultado das festas de fim de ano e das aglomerações feitas nos dias de Carnaval, já indicava que o cenário iria se agravar. Além disso, pessoas cansadas de ficar em casa e o surgimento de novas cepas do coronavírus pioraram o problema.

“Obviamente, o fechamento não é bom para nenhum setor. Mas, de um lado, existe a questão econômica, e, do outro, as vidas a serem preservadas. Não existe muita opção”, avalia. Mizrahi lamenta, no entanto, a lentidão dos governos para anunciar iniciativas semelhantes às que foram adotadas em 2020 e que ajudaram empresas e trabalhadores.

“O debate sobre a volta do auxílio emergencial está muito lento e a retomada do Pronampe ainda está em discussão, assim como o retorno do BEm”, exemplifica, citando o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte e o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda.

Nada de prático, destaca, foi anunciado até agora. “Além disso, existe a questão da demora e da falta de planejamento da vacinação. Falta o entendimento de que o processo de vacinação é a única solução para o problema”, diz Mizrahi.

‘Jornada longa’

O presidente do IFB afirma que o ano que passou foi de muito aprendizado. “Vendo o ‘copo meio cheio’, houve muita transformação no setor. Houve o lado positivo de fazer todo mundo sair da zona de conforto, mas não houve o apoio necessário para enfrentar uma jornada tão longa.”

Para o executivo, o setor de foodservice tem sido preterido na hora de se priorizar medidas de auxílio. Um exemplo disso foi o aumento de impostos, dentro da reforma fiscal realizada no Estado de São Paulo, de forma linear, sem considerar a área já muito debilitada.

Ely Mizrahi admite que as empresas vão sofrer com as novas restrições, assim como vem acontecendo nos últimos meses. “O setor está mais enxuto, porque as empresas tiveram de mandar gente embora. Houve uma adaptação inicial, mas a dificuldade ainda existe, assim como o risco de mais gente perder emprego e mais operações serem fechadas.”

Ele chama a atenção, sobretudo, para o impacto nos operadores independentes, que são muito pouco capitalizados. São empresas de atuam sem um “fôlego financeiro” que possa ajudá-las a atravessar momentos como esses. “As empresas podem fazer delivery, mas essa opção deixa uma margem muito ruim para o estabelecimento, porque boa parte dela fica com o marketplace, o agregador”, pontua.

O presidente do IFB resume: “O setor trabalha em ‘modo sobrevivência’ há um ano, tentando manter a dinâmica do negócio até que, eventualmente, o País volte ao que se espera para esse ano, que é uma situação mais tranquila quando houver a vacina. ”

Imagem: Divulgação