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“Não dá para sobreviver no mercado sem inovação”, diz István Wessel

O primeiro açougue Wessel foi aberto na Hungria, na Europa, em 1830. De lá para cá, além da mudança para o Brasil e da passagem de bastão por cinco gerações da família, a empresa viveu diversas transformações – a última delas, o lançamento de produtos plant based. Segundo István Wessel, que toca o negócio com o filhos, a cada cinco anos, em média, uma inovação é adotada.

“A gente sempre teve na inovação uma marca registada. Não dá para sobreviver no mercado sem inovação. A cada cinco anos, a gente ‘fecha’ a empresa e mantém só a marca e o CNPJ. Se estivéssemos fazendo hoje o que fazíamos há dez anos, não sei o que aconteceria”, diz o executivo em entrevista ao portal Foodbiz.

A Wessel produz cerca de 1 milhão de hambúrgueres por mês e fornece carnes para 800 restaurantes e hotéis em todo o Brasil. As mudanças têm como base pesquisas feitas constantemente para entender o que o consumidor quer.

1º hambúrguer só de carne

Há 25 anos, a Wessel foi a primeira empresa nacional a fazer um hambúrguer só de carne, sem conservantes ou temperos. Em 2005, firmou com o General Prime Burger, estabelecimento localizado no bairro do Itaim, na zona sul de São Paulo, uma sociedade que durou dois anos.

“A primeira crítica gastronômica dizia que nós não entendíamos do negócio”, conta István. Isso porque, exatamente na mesma rua, já existiam concorrentes de peso como Joakin’s e New Dog. O sucesso do projeto mostrou que havia, sim, espaço para mais um. “Hoje, não existe cidade no Brasil que não tenha, pelo menos, uma hamburgueria.”

Um caminho recente adotado pela empresa foi o fechamento de contratos com distribuidores, que conseguem levar os produtos da marca a locais em que, sozinha, a Wessel não consegue chegar. Esses parceiros atuam tanto no varejo quanto no foodservice.

“É difícil ter uma presença constante nas lojas e uma boa exposição no ponto de venda. Nós não conseguíamos, sozinhos, ter um volume expressivo de vendas expressivo fora de São Paulo. O distribuidor fotografou todas as lojas e os pontos de venda e viu onde estávamos bem ou mal. Eu divido minha margem com ele, mas ele me faz chegar e mais locais.”

No caso de bares e restaurantes, o distribuidor também traz outra vantagem: a de oferecer espaço para armazenagem que muitas vezes o estabelecimento não tem. No caso do varejo, área em que a empresa também atua, ele estimula o desenvolvimento de novos produtos de acordo com a demanda local.

István Wessel e o filho, Daniel: negócio de família

‘Food é o primeiro que volta’

No foodservice, a empresa é fornecedora de grandes marcas, como o Outback. Para Daniel Wessel, CEO e filho de István, a rede é um bom exemplo de como é possível inovar no setor mesmo em momentos difíceis como este da pandemia de Covid-19. A empresa atuava pouco com delivery, mas, desde o ano passado, criou novas embalagens e mudou a operação.

“Quando o foodservice fecha, não há o que fazer. É preciso apostar no delivery, que passa a ser a única fonte de faturamento. Mas o que já deu para ficar claro que é o food é o primeiro que volta. Quando os restaurantes são liberados, os clientes aparecem rapidamente”, analisa Daniel.

O pai dele concorda. “As pessoas estão loucas para ir ao restaurante. Apesar de as pessoas estarem cozinhando mais em casa, quando o restaurante reabre elas querem sair um pouco, mudar de ambiente, mudar de ares.”

Imagens: Divulgação